Desconstruindo Mitos

Quando eu escrevo MAGO, e você lê, o que vem a sua mente? Uma imagem não é? Você pode ser uma das milhões de pessoas que constituem as exceções à...

Quando eu escrevo MAGO, e você lê, o que vem a sua mente?

Uma imagem não é? Você pode ser uma das milhões de pessoas que constituem as exceções à regra, mas se você estiver do outro lado desta linha (como eu estou) a visão que você tem é a concepção de um indivíduo que é altivo, inteligente, com uma certa aura que nos diz que ele é um ser além do comum. Muitas vezes distintos em sua educação e principalmente postura, transbordam autoridade e porque não dizer poder, mesmo nos primeiros níveis.

Nos primeiros níveis? Sim, nos primeiros níveis, porque você seja conhecerdor ou não de RPG, entrou em contato com figuras sempre normalmente poderosas em diversos tipos de mídias diferentes e em todas estas ocasiões os personagens são figuras perigosas, passíveis de respeito ou admiração, assim como dignas de se prestar atenção simplesmente por conter em si tão grande potencial de subjugar a realidade ante a sua vontade.

Uma das obras máximas da literatura, a amada saga “O Senhor dos Anéis” por si só já colabora com isso, pois alguns dizem (e eu concordo) foi um dos marcos originais da nossa visão do que seriam os mundos fantásticos aos quais esta figura pertence.

Compartilhadas estas questões, tenho uma pergunta a fazer: Você sabe o que é isso tudo?

Isso tudo é um paradigma, e recorrendo a boa e não tão velha Wikipedia, temos a seguinte definição de paradigma:

Paradigma (do grego parádeigma) literalmente modelo, é a representação de um padrão a ser seguido. É um pressuposto filosófico, matriz, ou seja, uma teoria, um conhecimento que origina o estudo de um campo científico; uma realização científica com métodos e valores que são concebidos como modelo; uma referência inicial como base de modelo para estudos e pesquisas.

Nós enquanto sociedade aprendemos a nos mover sobre as bases de conhecimento que antecedem a nossa geração, e aceitamos muitas destas como verdades. Dentro do nosso amado RPG, percebo que uma característica muito comum a nossa sociedade atual se faz presente, e ela se chama Conformismo.

Aceitamos só uma visão das coisas, pois sempre foi assim. Compreendemos que existem outros caminhos, mas porque mudar? Se está dando certo, porque mecher?

Enquanto isso modelos mentais coletivos se estabelecem em nossa mente, e aceitamos que o Druida é um estranho eremita que vive na floresta, e sempre procuramos adequar nossos Backgrounds a isso. O ladrão tem de ser malandro e desleal, uma imensa bigorna que de tempos em tempos cai e esmaga nossa confiança. Também é difícil aceitarmos que o Bárbaro pode ser inteligente, pois isso “descontruiria” o estereótipo da classe.

Até a palavra é feia… “estereótipo“.

Creio que os estereótipos estão matando o RPG, assim como os paradigmas, e você pode querer saber o porque, então eu te darei um exemplo prático:

Você diz que não gostou da 4e por exemplo, eu vou te dizer “Puxa, porquê?
Se você me disser que é porque jogou, não gostou e prefere ficar na 3e, vou achar legal e dizer:”Beleza, eu gostei, mas então vamos jogar a 3e juntos!
Agora se você me disser que eles “mataram” o D&D, que eles destruiram o jeito de jogar, e que não sabem pra onde ir com o D&D Next, eu vou te dizer que você está caindo na armadilha do paradigma, pois com a 4e eles mudaram muitas coisas em questão de estereótipos, e quebraram muitos paradigmas, tentando apresentar algo novo, algo bom.

Isso não constitui uma visão ruim, só uma visão diferente. E RPG não é isso? Uma visão diferente?

Eles tentaram implementar algo bom, e algo novo. Todos queriam algo novo, mas ninguém se adequou as mudanças, e todas as reclamações que vi foram a respeito de antigos paradigmas do sistema. Aquilo que entrou, aquilo que não entrou, o que deveria ser assim, o que nunca deveria ser assim.

O tempo só corre para frente, então temos de lembrar que nós, enquanto jogadores e mestres, temos de correr para frente também, nos desenvolver, e acredito que isso implica em compreender e descontruir mitos que existem em nosso meio, pois sempre queremos algo novo mas nunca queremos mudar.

Vejo sistemas aparecendo aqui no Brasil se dizendo como “novos” mas que só repetem coisas que já vimos, e que alguns jogadores por não querer enfrentar a dor que pode acontecer quando se desenvolve algo, se voltam para estes sitemas, louvando-os e desmerecendo as novidades…

Um pensamento que adoro e é atribuido ao gênio Albert Einstein diz:

“Não se consegue resultados diferentes fazendo sempre as mesmas coisas…

Então toda vez que você for jogar RPG, ou for criar uma aventura, tome cuidado com as armadilhas dos paradigmas, e veja se você não está (ou corre o risco de estar) enclausurado em pensamentos que limitam sua imaginação, interpretação e decisões.

Na próxima vez que decidir não jogar este ou aquele sistema, se pergunte o porque você demonstra resistência a ele, pois existe a possibilidade de estar se privando de novas experiências que por si só podem não ser boas, ou podem não ser ruins, ou podem apenas ser diferentes, mas acima de tudo, tem de entender que só se cresce quando se aprende, e não dá para aprender coisas novas sentado infinitamente na cadeira dos paradigmas, vestindo a roupa dos estereótipos

 

Créditos de Imagem:

01  *Não encontrado
02  faroldjo ( http://bit.ly/vWJYL2 )
03  tikos ( http://bit.ly/NEqJi1 )
04  daarken ( http://bit.ly/bH1F8K)
05  SteveArgyle ( http://bit.ly/Q7RpX5 )

 


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Sobre Antunes Rocha

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