Dentro da Dungeon #22 – Dos livros para o RPG

“Salve aventureiros, #DentroDaDugeon na área! E a pedidos, partimos do princípio. Hoje trazemos para o mesa de jogo, aqueles que ficam do outro lado do escudo, os jogadores. Fiquem ligados! Vamos criar o seu personagem a partir das obras literárias.”

Um dos principais empecilhos que encontrei ao escrever contos e aventuras foi o tempo empregado na criação de personagens, ou até mesmo na continuidade das suas histórias. Eles estavam “vazios” e sem motivação para existirem. Personagens detalhados e incoerentes, com aparições fracas e sem muito brilho. Que no caso de uma aventura pode ser aceitável, pois são os personagens jogadores que devem ser o centro das atenções.
Mas até um NPC tem a necessidade de aparecer mais algumas vezes para enfatizar o seu papel e participar da história do jogo.

Há algumas semanas troquei e-mail com fantástico @tionitro do blog Nitro Dungeon, pois fui atraído por uma das suas tantas #dicasparaescritores que ele posta no twitter. O Tio Nitro fala da importância de criar uma tabela onde, além de outros pontos, três características
sobressaíssem às outras. São elas: descrição, personalidade e anseios (motivações claras e conflitos). Fiquei assustado como algo tão simples pôde dar um gás na minha escrita, pois como citado antes, era um entrave na minha escrita e é difícil lembrar tudo que um personagem possa ter feito no passado, imagine então uma dezena de personagens como seria complicado.

Após criada, a tabela, resolvi aplicar no RPG. Iremos dar dicas de como criar seu personagem, principalmente para novatos, baseados nessa fórmula utilizada pelos escritores. Usarei como exemplo a primeira tabela que criei e com ela um dos personagens que a compõe.

Descrição

Esta deve ser breve, pois um dos pontos colocados pelo Tio Nitro é que elas devem ser um ponto de partida e pelo que entendi também são mutáveis, assim como nós. Podemos ter uma aparência base, mas o próprio tempo e os eventos podem alterá-la.

Exemplo: Tomemos como exemplo o jovem meio-gigante Rubracor.

“Pele avermelhada, incomum para meio-gigantes. Baixo para os padrões de sua raça, carrega consigo tudo que pode, cabelos trançados e semblante amistoso.”

Perceba que a própria aparência de origem ao nome. Em muitos casos, ou quase todos, um ser já nasce previamente batizado por seus pais, porém ao longo da vida, sua aparência ou seus atos podem vir fazer parte do seu nome e de sua história. Rubracor pode ter sido batizado no ato do nascimento, como pode ser comum em seu povo, já que sua cor é incomum entre os seus iguais e ele é avermelhado de nascença. E no RPG não é diferente, vide os cenários que temos a disposição ou os que criamos, com seus povos e culturas. Não é necessário seguir ao pé da letra as características raciais, marque o personagem e faça dele algo diferente e interessante, ou simplesmente siga o padrão e explore as outras características.

Personalidade

Talvez seja a principal ferramenta que o personagem tenha para alcançar seus objetivos de outra importante característica, os anseios. O cartão de visita de cada personagem. É ela quem dita às ações de um personagem: como ele agirá? Como reagirá? Do que será capaz? O quê, ou como ele fala? Respondidas estas questões as portas se abrirão para a continuidade do personagem. É a personalidade que determinará do que o indivíduo está disposto para ser tornar o que ele quer ser.

Exemplo: Continuaremos no exemplo do Rubracor, conheçamos mais sobre ele.

O jovem Rubracor é conhecido pela sua teimosia, a simples apresentação dos fatos não o convence, tudo deve ser baseado em provas. Ele faz parte de uma patrulha avançada que vigia as fronteiras das terras do seu povo e foi escolhido para tal, pela capacidade de concentração no que acontece ao seu redor. Porém sua insistência o torna repetitivo e de difícil convivência.

“Daqui não vejo nenhum perigo, mas não devemos descansar ainda. Patrulhem mais!”

Mandar também é uma característica e apesar de não liderar a patrulha, ele insiste em dar ordens. Percebam que na Descrição pesa outra característica da sua personalidade, ele carrega tudo que pode, para ele tudo tem algum valor e poderá lhe ser útil algum dia. Nesse ponto, Rubracor expõe uma convicção, pois pelo bem da patrulha quanto menos peso melhor e em alguns momentos eles devem ser silenciosos, mas Rubracor não abre mão das suas tranqueiras.

Anseios (motivações claras e conflitos)

Aqui é onde mora a grande questão para a finalização do seu personagem. O que ele quer? O que motiva suas ações? O que deseja alcançar? Respondida essas perguntas, será mais fácil chegar a um denominador comum e colocar o personagem no cenário. Algumas motivações podem
ser impulsionadas de acordo com a proposta do cenário, do que ocorre ao seu redor. Os povos, os reinos, as criaturas. O personagem estará envolvido com esses pontos e baseado neles o seu personagem deverá ser motivado.

Os conflitos são importantes e devem estar presentes. Do que o seu personagem é capaz para alcançar seus objetivos? Do que ele abre mão, ou não? Essas questões vão de encontro à raça, cultura e ambiente em que o personagem vive ou foi criado. A importância de um passado é extremamente relevante e pode ser usada como “desculpa” para futuras ações,
desde que haja coerência.

Exemplo: Continuemos usando o molde do meio-gigante Rubracor.

Talvez ele seja o personagem com as mais claras motivações do conto A Patrulha e em determinado ponto do conto colocará tudo a perder. O que farão os seus companheiros de patrulha? Ou, o que eles devem fazer? Os interesses, as motivações, os anseios de Rubracor estão acima de tudo! Vale a pena ser assim?

É sempre interessante estabelecer questões, pois as suas resoluções irão mostrar a importância e o nível dos anseios de cada personagem, tornando-os importantes ou não.

Se Rubracor fosse homogêneo ao grupo, assim como seus companheiros que agem pelo bem do seu povo, as coisas seriam mais fáceis e seu trabalho na patrulha melhor reconhecido. Porém a nuvem da dúvida paira sobre a minha cabeça: seria Rubracor feliz sem as suas convicções?

Levando tudo isso para o RPG e seguindo o exemplo de Rubracor, seria feliz o seu personagem? Como falado pelo Tio Nitro, essas características que o seu personagem deve possuir são apenas um ponto de partida.

Bons dados!


Fique ligado na nossa Fanpage, adicione nosso Feed e siga nosso Twitter @sonaopodeitirar1 que você terá todas as atualizações do Só não pode tirar um!.


Twitt

Sobre Antunes Rocha

Pai, administrador, abcdista, rpgista e tentando ser escritor. Gostou? Siga @old_paladin