Nem tudo que reluz é ouro

Mestre: Vocês entram na estalagem… Mago: Vou detectar magia! Paladino: Já estou usando detectar o mal! Tem alguém maligno? Ladino: Tem alguém dando mole com a bolsa de dinheiro?! Mestre:…...

Mestre: Vocês entram na estalagem…
Mago: Vou detectar magia!
Paladino: Já estou usando detectar o mal! Tem alguém maligno?
Ladino: Tem alguém dando mole com a bolsa de dinheiro?!
Mestre:…

Olá, aventureiros destas paragens! Lendo o texto Lei e Ordem – Crimes e Castigos, do Thiagocroft, acabei lembrando uma prática que era comum na minha mesa e que solução eu encontrei para enfrentá-la. Não sei se é realmente comum, ou eu sou muito azarado, mas eu percebo que muito jogadores sempre querem usar as habilidades de seus personagens a todo o momento e, muitas vezes, sem justificativa condizente. Para mim, aquela máxima de poderes e responsabilidade é corretíssima, aplicando-a para personagens de quaisquer tendências. Afinal, na vida real, você NÃO vê um policial andar de arma em punho e com o dedo no gatilho 24h por dia.

Em D&D, para usar um poder como Detectar o Mal, basta o jogador declarar o uso. Não é necessária nenhuma rolagem para confirmar o acerto, nem o quanto a habilidade é efetiva. Acho que só por isso, ela já é um pouco desbalanceada e combinada com o uso inadvertido… Por isso, decidi que os jogadores deveriam respeitar o poder. Como não gosto de simplesmente vetar alguma coisa no jogo, escolhi uma forma de balanceamento que trouxesse mais elementos narrativos.

Huahauhauahua (risada de mestre maligno)

Quando você olha para o Abismo, ele olha de volta para você

Voltando ao caso do Paladino, pois experimentei essa solução no último jogo que mestrei. Como no grupo havia dois guerreiros santos, escolhi um deles e fiz o seguinte: cada vez que ele tentava detectar a maldade, aquela mácula ficava presa à visão dele. Como quando alguém olha para o Sol e a sua vista fica manchada. Essa mudança na apresentação do poder gerou uma série de interpretações interessantes, ele não sabia se a fé dele estava fraquejando, se estava ficando louco ou se tinha sido corrompido, por isso, não contava nada para o seu companheiro.

É fato que nem todos os jogadores vão gostar dessa abordagem, principalmente aqueles apegados ao que é descrito nos livros de regra. Então, o mestre também pode utilizar essa ideia para benefício dos personagens. No mesmo exemplo anterior, dei algumas dicas do enredo através dessa visão maculada do jogador. Você também pode expandir essa abordagem para habilidades de percepção física, ou, por exemplo, para Detectar Magia, fazendo o usuário enxergar cada vez mais a magia que pulsa em todas as coisas, confundindo-o e até fazendo-o compreender um pouco mais dos nuances dessa força.

Como eu sei que o jogador daquele paladino irá ler esse artigo, também já criei uma explicação de background. Afinal, devo voltar a esse jogo em breve!

De novo, Presto?!

Síndrome de Presto

Já vou avisando que esse conceito eu nunca coloquei em prática em jogo, mas considero que vale a pena compartilhar com vocês. É visível que alguns conjuradores adoram utilizar uma ou duas magias apenas do seu repertório mágico. Como mestre, eu odeio quando os jogadores aderem à apenas uma linha de ação para resolver as situações: o combate. Então, vivo gerando situações em que somente poder não poderá ajudá-los. Ainda assim, alguns insistem, principalmente os conjuradores. Pode parecer meio estranho, mas eu vejo muito disso por ai.

Por isso, quando eu noto que um mago só sabe conjurar Bola de Fogo para atacar os adversários, sinto vontade utilizar o conceito de magia selvagem! Basta você entender que a magia não precisa ser uma força que pode ser simplesmente dominada, como o eletromagnetismo ou a gravidade. Ela pode ter personalidade, e uma personalidade muito forte. Voltando ao personagem, aquela Bola de Fogo que ele inadvertidamente sempre utiliza, pode fluir sem que tenha sido usada. Imagine a seguinte cena:

O grupo todo está reunido numa clareira banhada pela tênue luz da Lua. Após sobreviverem à emboscada dos orcs, muito sobrou além dos ferimentos, da fome e do cansaço, os ânimos estão exaltados enquanto o guerreiro e o ladino acusam o paladino de ter sido ingênuo e apressado. Verdades e mágoas são cuspidas para todos os lados e o mago fica quieto olhando para a fogueira fictícia que ele desejaria acender. Toda aquela discussão está deixando-o mais e mais nervoso, ele pode sentir o calor do fogo em sua pele e o frio não é mais um problema. Quando os outros percebem o calor, ele já esta brilhando como uma chama real. Ele corre para longe dos outros, sabendo que há algo de muito errado está acontecendo. Simplesmente, precisa deixar a energia flui, e ele conhece muito bem aquela energia. Quando se prepara para gritar, apenas um som é ouvido.

Alguns quilômetros ao sul, os orcs já haviam perdido a trilha quando escutam aquela explosão e vêem o clarão distante. Então, a caçada recomeça!

Você pode decidir usar essas idéias indiscriminadamente ou não, mas eu sugiro que antes de qualquer coisa, avalie o impacto que essa decisão vai trazer para a sua história. Afinal, você está ali para contá-la junto com seus jogadores, não para derrotá-los. Se você tiver outra solução ou se já experimentou algo parecido na sua mesa, sinta-se a vontade para falar mais nos Comentários.


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Sobre Lord Raphael Santz

Mago/Ladino de plantão do #sonaopodetirarum.com.br; troubleshooter nas horas vagas e gaúcho!