Brasil Colônia: Escarpas Sangrentas

“E para provar que um filho teu não foge à luta, hoje feriado de 07 de setembro, trazemos uma ambientação para sua campanha/aventura no Brasil Colônia. Uma pitada de mistério, trapaças e combates. Espero que curtam!”

AVISO: Os elementos desta ambientação são fictícios e apesar ser baseada na região onde atualmente é o Rio de Janeiro, os lugares, personagens e história são de criação deste autor. Não havendo nenhuma veracidade, sendo apenas distorções da história do Brasil.

Muitas lendas cercam os povos indígenas do Brasil, e os que foram encontrados, ou que já habitavam estas terras do Rio de Janeiro, não eram diferentes. O processo de catequização destes povos foi marcado por muitas mortes, e um dos primeiros foram os Utiguaras, que talvez sejam o maior povo indígena em toda a América do Sul, confundindo historiadores e compondo, talvez formando, nações. O processo de catequização estava nas mãos dos jesuítas, e estes não foram bem recebidos pelos Utiguaras. Afeiçoados a guerra, os Utiguaras rechaçaram todos dali, em outros pontos alguns jesuítas conseguiram passar seus ensinamentos, mas a maioria deles foi sacrificada ou devorada.

A guerra fez muitas vítimas de ambos os lados, brancos e índios. Um dos mistérios que jamais foram revelados na história do Brasil até os dias hoje jaz obscuro. Muitos tentaram desvendar este, ou estes, fato que há muito tempo ocorreu. Poucos relatos, de menos confiança ainda, falam de uma fera descomunal, outros contam de várias feras, mas só um fala de um homem, um índio, que revoltado com a invasão dos colonizadores, invocava poderes dos espíritos protetores da natureza em auxílio do seu povo.

O relato mais fantasioso, de pouca confiança, e que chama mais atenção é o índio Carcajú. Carcajú ou Presa do Mato, como era mais conhecido entre os seus, não era um índio bravo e destemido. Carcajú era franzino, desprovido de músculos, ao contrário de seus irmãos, e nada corajoso, mas nem por isso ele era ignorado pelos Utiguaras. O que chamava atenção no esguio índio era o seu raciocínio rápido. Carcajú enxergava longe e estava à frente do seu povo. Suas ideias, às vezes absurdas, espantavam até mesmo o pajé Carucauã, uma velha águia que orientava aquela tribo. Entre muitos pensamentos, Carcajú, sonhava em sair das Escarpas Sangrentas ou Escarpadas, como costumava chamar o seu lar. Contava sonhos que a tribo se reunia para ouvir, contava que os espíritos o abençoavam com visões, e nelas, o seu povo reinava perante os outros, inclusive sobre os brancos.

Com a ameaça eminente que o povo branco, ou os malcheirosos-brancos como estavam habituados a chamar, estava a impor a sua gente, o matreiro pajé Carucauã usou da inocência de Carcajú para assustar os invasores e incitar a tribo a lutar pelo território. O que Carucauã não sabia era que os sonhos de Carcajú eram reais e eles deveriam ser levados a sério tirando os Utiguaras daquela região ameaçada e os levando para uma terra próspera, longe dali.

Carcajú relutou contra os anseios da tribo em entrar em combate contra os invasores, ele queria o conhecimento, algo dos invasores que pudesse ser aproveitado. Carucauã conspirou contra a relutância de Carcajú temendo sua influência perante os Utiguaras, e deu um fim ao jovem índio.

Os Utiguaras já nascem com a herança do espírito guerreiro e quando o pajé Carucauã pôs a culpa da morte do jovem índio nas costas dos invasores, uma chacina sem precedentes foi instalada naquele lugar.

UM LINDO LUGAR

As Escarpas, seu nome original, já foi um lindo lugar para se viver. A margem do Oceano Atlântico, o arranha-céu que é a grande falésia, permitia uma visão fantástica do mar. O verde das folhas e o canto dos pássaros eram predominantes na região e os índios viviam em harmonia com a natureza. Todo tipo de vegetação podia ser encontrada aqui e junto com a caça supriam todas as necessidades da tribo. O entroncamento abastecia a tribo com ervas para os poucos males que existiam, até a invasão colonizadora.

Uma região repleta de vida. São as poucas palavras que podem definir o lugar.

Percorrendo as Escarpas, nota-se uma região acidentada com muitas pedras e de solo irregular, tanto na região da praia como acima dos paredões.

Sem muitos enigmas ou dificuldades nos trajetos, pois todas as áreas importantes possuem trilhas, um visitante pode encontrar o Lago dos Desejos e a Pedra dos Milagres, lugares sagrados para os Utiguaras e que cumprem bem suas funções de acordo com os seus nomes.

A Porta da Passagem, outro lugar interessante, é onde os Utiguaras marcam e festejam a maior idade de seus jovens, mas também é usada como um lugar de cura, partos e cerimônias de morte. Os Utiguaras entendem que quando um grande guerreiro morre, ele volta como uma grande árvore ou fera, vivendo ao lado dos espíritos da floresta.

VIDA NAS ESCARPAS

A vida flui na floresta. O paredão rochoso, a leste, nas costas da mata fornece proteção contra invasores marinhos e a abundância atrai mais vida para a região.

Além da fantástica diversidade na fauna , as Escarpas também são habitadas pelos Utiguaras, que estão em grande número. Atraídos pelos mesmos motivos, os membros da comitiva e da Família Real Portuguesa vislumbraram as Escarpas como um lugar estratégico tanto para viver quanto para sua segurança. E talvez seja esse o maior motivo para a guerra, domínio e poder.

Utiguaras

Conhecidos pela ferocidade no campo de batalha, esta tribo está entre as mais numerosas do Brasil Colonial. Seu cotidiano foi pouco documentado, pois os que se aproximaram não sobreviveram. Essa hostilidade é conhecida apenas entre seus inimigos. Entre amigos, aliados e familiares o comportamento é diferente, fazendo deles amistosos e de ótima convivência.

Os Utiguaras são fortes, musculosos e de baixa estatura, tornando-os verdadeiras toras maciças. Não são adeptos a cabeleiras, mesmo entre as mulheres. A força está à frente da sabedoria, mas em tempos difíceis eles são capazes de recorrerem a conselhos. Sua pele é mais escura que a habitual se comparado a outras tribos. Outra característica é a pintura corporal com argila, barro e outros elementos, que contornam seus corpos, mais nos vaidosos homens do que nas mulheres.

Em sua maioria, os Utiguaras são neutros e recorrem a qualquer tipo de Espírito/Deus que necessite naquele momento. Porém qualquer um pode seguir um Espírito/Deus específico assumindo assim a tendência da divindade.

Utiguaras são exímios guerreiros, pois desde a infância a arte do combate é passada de pai para filho. Ranger/Patrulheiro também é uma opção e muito bem vista por todos, apesar da pouca necessidade de locomoção, já que não se trata de uma tribo nômade. Os poucos que existem são batedores que vigiam as fronteiras do território.

Dragões Reais

Os temidos Dragões Reais são a elite do outrora grandioso exército português e apesar de atualmente não viverem em dias de glórias, eles ainda detém a fama e o respeito sobre a massa. Na sua chegada a terras brasileiras, os Dragões eram vistos como a guarda da família real, porém com os rumores e a ameaças de uma crescente, e infundada, ameaça dos Utiguaras às terras reais, eles se multiplicaram e se multiplicaram. Convocando os mais fortes e destemidos escravos, portugueses e todos aqueles que se ansiavam em se juntar a elite, os Dragões não subestimaram a força dos Utiguaras e se reforçaram. Armas e armaduras não eram problemas para a única força capaz de defender os interesses de Dom João. As minas de ouro e cobre era a fonte de toda essa riqueza e com o treinamento adequado, os Dragões Reais se impuseram nas terras do Rio de Janeiro.

Forte, destemido e orgulhoso, essas são as características de um Dragão Real. Sua lealdade é recompensada com prestígio e boa vida. Alguns Dragões são cruéis e servem a Coroa pela simples facilidade de oprimir os fracos, enquanto outros cumprem expressamente as ordens até que surja uma forma melhor de ganhar a vida na Colônia.

Peitorais cintilantes de aço vestem seu torso, capas brancas como as nuvens cobrem suas costas, um grande e invulnerável elmo, com uma pluma vermelha, protege a cabeça enquanto uma grande lança com ponta de aço dá cabo da vida dos inimigos. Sempre em pequenos pelotões, os Dragões impõem a ordem na barulhenta sede do governo e adjacências, dando conta de pequenas perturbações até as grandes manifestações contra a Coroa.

AS ESCARPAS SANGRENTAS EM CAMPANHA

A natureza pode ser traiçoeira, e mais ainda quando as intenções daqueles que a desafiam não são das mais admiráveis. Sem contar com a natureza, o mestre pode explorar o perigo constante que é o ímpeto dos Utiguaras que vigiam seu território incansavelmente, mas por quê? Pelo simples senso de defesa ou teria algo que eles não gostariam de revelar para o mundo externo.

• Uma poderosa criatura está sendo mantida adormecida na Pedra dos Milagres. Essa fera é Carcajú, vítima do pajé Carucauã que o transformou em um ritual de metamorfose. Ainda com aparência humanóide, a fera tem o corpo escamoso como um jacaré, asas, presas e patas. O matreiro Carucauã colocou a culpa do sumiço do jovem índio nos Dragões que constantemente rondam a região em busca de uma abertura na floresta. O pajé aguarda por um sinal de um espírito maligno para dizimar toda a tribo em ritual em troca da vida eterna.

• Dom João ouviu rumores, plantados na Corte para que haja uma invasão, sobre um possível veio de ouro na região das Escarpas. Um de seus conselheiros, afirma sobre a veracidade da história e constantemente assopra em seus ouvidos “o quão bom seria por as mãos em todo aquele ouro”. Dom João prepara uma comitiva para investigar, apesar de já serem sido rechaçados e os jesuítas terem pagado com as próprias vidas. Várias moças da Corte estão desaparecendo e Dom João acredita que os Utiguaras têm algo a ver com o assunto e por isso aprova a ida da comitiva e dos Dragões Reais.

Então é isso pessoal, essa ambientação junto com o post do Capitão do Mato de autoria de @DiegoCDMello é a pequena homenagem que o www.sonaopodetirarum.com presta a semana da pátria para tentar reacender a chama que está quase extinta em algumas regiões do Brasil, a nossa história. Esta ambientação pode servir como um pontapé inicial e de acordo com o interesse do leitores daremos seguimento com as regras (monstros, armadilhas, doenças e aventuras).

Bom feriado a todos e bons dados!


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Sobre Antunes Rocha

Pai, administrador, abcdista, rpgista e tentando ser escritor. Gostou? Siga @old_paladin