Olá, aventureiro perdido! Aproveitando o gancho e a discussão iniciada pelo Natan Tome no post Vamos falar sobre Fé, no artigo de hoje, vou discutir como religiões e crenças podem ser utilizadas no roleplay.
Antes de qualquer coisa, precisamos definir o que é religião. De forma bem superficial, podemos entendê-la como um conjunto de sistemas culturais e de crenças, que envolvem rituais, símbolos, tradições e espiritualidade (valeu Wikipedia). Sem fazer um grande esforço, podemos perceber que dentro de um cenário medieval, as religiões tem um papel social muito importante. Agora, como podemos melhor representa-las nas nossas histórias?
Vox Populi, Vox Dei
Esqueça clérigos, anjos, cultistas e demônios. A primeira maneira interessante que você tem para incluir a religião em seu jogo é na vida cotidiana. Mesmo sem lugar na estalagem, a mulher do dono convida os personagens a passar a noite nos estábulos de graça, e ainda serve uma dose generosa do caldo de legumes. Ela explica que uma serva da deusa protetora das colheitas e comunidades nunca deixaria viajantes sem um teto para repousar. Aquele assassino da guilda que jogadores estão perseguindo, não mata apenas por dinheiro, ele está aumentando o exército da sua divindade. Ou seja, lembre-se que:
Os personagens, quase sempre, têm uma religião e sempre expressam suas crenças através de suas atitudes.
Entenda que religiões são feitas de pessoas, ou seja, mesmo o seu cenário sendo extremamente maniqueísta, clérigos de divindades bondosas podem ter atitudes terríveis. Seus jogadores podem se surpreender quando o vilão, líder do maior culto diabólico da região, poupar um vilarejo, pois se apiedou de uma donzela ou qualquer outra pessoa. Sim, as pessoas fazem isso na vida real e devem fazer isso no roleplay. Isso as torna humanas/elfas/anãs, ou seja, críveis!
“Braço forte e mão amiga”
Sem levantar nenhuma bandeira ideológica, quem estudou um mínimo de história sabe que a Igreja Católica possui sua crença central baseada no amor, o que não a impediu de participar de eventos históricos “controversos”, na melhor das hipóteses. Da mesma maneira, a religião da divindade leal e boa pode defender atitudes que parecem contrárias a sua fé, principalmente quando falamos daqueles que não compartilham dessa.
Na verdade, toda uma instituição religiosa é um antagonista muito mais interessante para o mestre do que apenas um clérigo. Afinal, como os personagens podem enfrentar tamanho poder? Como derrotar uma força que pode estar no coração de cada cidadão de um reino? No mundo real, é muito mais difícil para um traficante enfrentar a instituição Polícia do que uma patrulha de policiais. Se quiser ter uma ideia melhor, leia o livro O Caçador de Apóstolos do Leonel Caldela. Lembre-se que o Batman não era um homem, era um símbolo, portanto, era “imortal”.
Imagine uma divisão de poder dentro da própria religião dominante, que culmina numa guerra santa sem precedentes. E se dois personagens decidirem ficar em lados opostos desse conflito, o jogo vai ser enriquecido incrivelmente. Outra questão a ser analisada é qual a postura da divindade e de seus representantes extraplanares. Pode ser que eles apoiem apenas um lado do conflito, ao contrário dos jogadores. Como eles poderiam se opor as hostes celestiais?
A religião pode ser analisada por muitos prismas, mas alguns concordam que ela pode ser usada como ferramenta de dominação.
As Máscaras de Deus
A experiência religiosa da humanidade é extremamente plural. Vemos diversos cultos, com preceitos tão diferentes do que conhecemos, mas não nos atentamos ao fato de que podemos usar esses elementos em nossas narrativas. Sinta-se livre para criar religiões diferentes no seu cenário, abordagens únicas ao invés de visões repetitivas. Se você quiser uma inspiração, dê uma olhada em sistemas religiosos mais desconhecidos. Para se ter uma ideia, a concepção que temos de uma sociedade matriarcal está muito longe do que os estudiosos tem proposto.
Novos cultos, ou novas correntes das religiões conhecidas podem ser muito úteis, principalmente se quiser mostrar alguns pensamentos filosóficos diferentes. Fique a vontade para inserir elementos exóticos, se você tornar a experiência do jogo muito mais rica, nada pode ser contestado. Garanto que algum jogador até vai querer montar um clérigo desse culto.
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