Quem me conhece sabe que sou acadêmico de história do 7 ano e como tal por vezes ao falar de RPG acabo fazendo a cruza entre o que se esta jogando e o que corresponde historicamente quase dialeticamente. Isso as vezes e construtivo, as vezes é chato, as vezes é não muda nada e o jogo continua como se nada tivesse ocorrido.
É comum e clássico que se jogue RPG em períodos medievos, não que seja a regra, mas diversos sistemas, clássicos ou não são ambientados na idade média, como D&D, Old Dragon, a linha Dark Ages de Storyteller, o cômico Bundhamidão, etc. Com tantos RPGs medievos, é fácil compreender o porque é importante compreender um básico de história para jogar RPG. Estranhamente já esbarro em mestres que alegavam não gostar de história, o que me parece um bocado paradoxal senão masoquista. Não há como termos RPG sem o conhecimento ao menos rustico de história, a não ser que estejamos falando em jogar RPGs futuristas (não Steampunk não é futurista, é retrofuturista).
Mas porque tantas pessoas amam o RPG que usa história se odeiam a ciência disciplinar da história? Vamos recorrer a história para compreender!
Até duas décadas atras nosso país viveu uma ditadura militar. Assunto batido eu sei, mas temos de lembrar que durante o período do regime a história foi parcialmente removida da grade escolar e o que foi mantido foi totalmente distorcido e usado como ferramenta de violência simbólica contra as pessoas. Uma matéria que originalmente teria o objetivo de formar a criticidade dos alunos convertida em mero decoreba é algo perverso! Muitos dos professores que atuaram durante a ditadura ainda estão em sala de aula, alguns saudosos com o regime que se foi e mantem anacronicamente a mesma ideia de decoreba que vem sendo gradualmente derrubado. O que isso tem haver com o RPG? Simples, erros grosseiros e alguns comentários que nós historiadores riríamos por horas sem fim são vociferados por alguns jogadores de RPG por ai, coisas que são tão coerentes quanto alegar que o photoshop é um navegador de internet e isso mostra que várias pessoas não tem os conhecimentos necessários para compreender o RPG medieval que jogam. Não que tenhamos de compreender o RPG que jogamos, mas neste momento teremos obrigatoriamente de tirar o lúdico do ócio.
Gostar de história é algo opcional, ninguém é obrigado, mas da mesma forma que matemática ou gramatica, o conhecimento rudimentar é algo crucial a nossas vidas. Alguém que não gosta de matemática certamente não vai ser fã de jogos que usam muita matemática, então é paradoxal que alguém que não gosta de história jogue RPGs medievais uma vez que eles faz uso de muito conhecimento histórico. Há quem defenda que o RPG medieval esta para alem da história pela sua característica de fantasia mas devemos lembrar que este é inspirado nas obras de Tolkien que fazia profundos estudos de história, antropologia e literatura para criar suas obras (falando nisso, há um curioso artigo sobre Aragorn aqui), ou seja, não tem para onde correr!
Para todos os fins, sem um conhecimento mínimo em história é impossível manter qualquer nível de coerência em um jogo de RPG, tanto quando mestramos, pois iremos ignorar fatores vitais que tornam nossas histórias palpáveis para os jogadores, de forma que eles sintam realmente que estão em um ambiente medievo com todas as suas dificuldades e contextualidades quanto para os jogadores que não vão conseguir distinguir aquilo que é de conhecimento seu e o que é conhecimento de seu personagem. Já vi muitas situações em que personagens que nunca estiveram em uma escola formal, tinham conhecimentos de matemática, geografia e até mesmo física de forma inata porque seus jogadores nem sequer compreendem que não há como terem adquirido tais conhecimentos sem estudo.
Não há como construir uma estoria sobre o que não compreendemos, e para isso precisamos estudar história!
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