Apesar de ser necessária, a discussão chata nunca foi a MINHA proposta para o jogo. Quando saí da que eu chamo de “A Era das Trevas do Meu RPG” – um longo período que passei sem jogar nada – tentei resgatar tudo aquilo que havia aprendido quando comecei a jogar: emoção e diversão!
Quando você passa a levar o jogo como uma obrigação, compromisso, e infinitos conceitos para isso e para aquilo, e todas essas coisas chatas, o grupo tende a definhar, até que um dia seus jogadores não apareçam mais. É verdade, o que a turma quer realmente fazer é matar alguns orcs, imaginar viagens interplanetárias, ficar mais forte e realizar os desejos do seu personagem – que também são seus. Mas para quê tudo isso?
Um hobbie serve para aliviar a tensão adquirida durante o dia e a vida. Algo feito para nossa diversão e que fazemos para nos divertir. Ninguém tem um hobbie para se preocupar ou ficar nervoso. E mesmo que no RPG possamos vivenciar tais sensações, sabemos que no final tudo não passa de uma brincadeira.
Sim, uma boa e saudável brincadeira.
Fazia tempo que eu não enxergava dessa forma, “brincar, matar o vermelho, brincar, salvar a princesa, brincar, receber recompensas…” Interpretar papéis, vivenciar outras vidas, novos temores e expectativas, assim também pode ser visto e encarado. Transforme seu jogo em algo interessante, e quando digo “interessante” não tornar uma simples discussão em algo de outro mundo, debatendo o que se “pode ou não”, ou que “está certo ou errado”, afirmando que é inteligente. Isso é muito chato!
O grupo se reúne e está para passar boas horas se divertindo, dando umas risadas e revendo amigos. Vivenciar o que a Sociedade do Anel passou na obra de Tolkien, ter a sensação, mesmo que passageira, de estar na pele de Bilbo Bolseiro em O Hobbit, ou até mesmo empunhar o poderoso martelo de Thor e se aventurar ao lado dos outros Vingadores.
Deixe os conceitos narrativos, baboseiras e coisas menos importantes de fora. Faça algo diferente, dê uma sobrevida a sua mesa para que ela não acabe da pior maneira possível. Para um DM não há emoção maior do que ver os jogadores comentando as aventuras vividas durante a campanha. Vê-los discutindo quem é o mais forte, qual é o melhor combo e até onde eles podem chegar.
Pegando o exemplo do o Um Anel de Francesco Nepitello – RPG baseado na obra de Tolkien –, foi este livro que salvou uma das minhas mesas mais queridas. Foi necessário que mudássemos de ares e que invadíssemos outro cenário. Não que Forgotten Realms seja chato, mas a campanha estava enfadonha, pois, afinal de contas já eram dois anos de campanha e incontáveis aventuras – parei de contar após a 15ª sessão.
É claro que para uma sessão de RPG, marcar um dia e uma hora se faz necessário. Mas quando o jogo está fluindo, empolgando e divertindo a todos, tudo fica mais fácil. Eles desmarcam compromissos, encerram namoros – esse não é o objetivo – e estão sempre dispostos a comparecer as sessões. Quando o jogo não está assim, tudo vira desculpa para faltar.
Recentemente começamos a nossa aventura no RPG Fantástico no Mundo de O Hobbit e O Senhor dos Anéis e estamos indo bem, acho. Apesar de capengar aqui e ali com novas regras e um universo famoso – uns conhecem muito mais do que os outros aqui na mesa -, estamos indo bem sim.
O Um Anel nos deu oportunidade de reviver os passos de Frodo, Gandalf e os anões – sim, dei uma misturada – e está sendo divertido ver como os jogadores transpõem os desafios mesmo sabendo de toda história. E no final das contas é isso que vale. Quem nunca zerou um jogo mais de uma vez? Mesmo sabendo o que ocorreria continuou se divertindo, ou prolongando a diversão, e até hoje guarda aquele jogo com carinho por ter passado tudo aquilo que ele prometia: diversão.
Acho que é isso, companheiros. Esse #DentroDaDungeon foi mais um relato do que necessariamente dicas para mestres ou jogadores. Espero ter ajuda e não confundido as vossas mentes. O que eu escrevo aqui são experiências de um DM e isso não quer dizer que é o certo.
Esse é o meu estilo. Bons dados!
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