Boa noite, leitores do Só Não Pode Tirar Um! Após a abertura de SWTOR Free-to-Play, acredito que muitos de vocês, como eu, devem ter dado uma jogada pra ver qual é. Como jogadora de MMO e grande fã de Star Wars, meus sentimentos meio que entraram em conflito. Minha impressão após o lançamento não era boa, mas hoje sinto que há mais no jogo do que parecia inicialmente.
Aliás, se você nunca jogou Knights of the Old Republic, JOGUE. Irei citá-lo várias vezes, uma vez que é a base do SWTOR.
Eu estava tentando não comparar muito com outros jogos, mas é impossível. Vamos falar dos prós e contras que observei nessa uma semana e pouca de jogo:
Prós:
- Roleplay: É o primeiro MMO que jogo que tem uma preocupação real com o roleplay. Existe até um servidor só pra isso, o que é raro, pelo menos na minha experiência. Cada personagem possui sua storyline, e o estilo de diálogo típico dos grandes títulos da Bioware é uma ótima ferramenta de imersão. Você faz seu personagem, ele tem uma voz e pode fazer escolhas. Essa imersão é o que dá a cara ao jogo, e uma das especialidades da Bioware.
- Customização: É também a primeira vez que vejo tantas raças pra escolher em um jogo de Star Wars. Apesar da maioria precisar ser destrancada por subscription ou cartel points (o que não é tão caro assim), nós temos: Humano, Ciborgue, Chiss, Miraluka, Ratattaki, Twi’lek, Zabrak, Mirialan, Zabrak e Sith Pureblood, cada um com suas limitações de classe e alinhamento intrínsecas. Cada uma delas tem uma grande variedade de cabelos, olhos, maquiagem, tatuagens, cicatrizes… Mesmo dentro do jogo, a corrupção do lado negro pode se mostrar na forma de olhos mudando de cor, olheiras, cicatrizes escuras no rosto. O alinhamento, aliás, é um fator muito importante. Falarei dele mais tarde.
- Gráficos: De primeira foi um pouco decepcionante ver que, enquanto os cinematics possuíam uma qualidade gráfica altíssima, o jogo em si possui um estilo mais Clone Wars. E então depois pareceu óbvio o porque disso: pra que fazer um jogo que quase nenhum computador rode? Ainda que aos trancos e barrancos, o jogo roda até no meu notebook. Isso é um ponto muito positivo, afinal, você não precisa dar um update no computador só pra jogar SWTOR.
- Modo de Pagamento: Ainda que eu não concorde com várias limitações do F2P, hey, ainda estão deixando você jogar de graça! Você não precisa começar a pensar em cartão de crédito, fazer compra internacional, nada. Se inscreva, baixe, jogue. Fim. Mesmo você jogando de graça, a história do personagem vai estar 100% aberta. Afinal, esse é o trunfo da Bioware.
- STAR WARS: Não adianta, o universo SW sempre vai ganhar vários pontos para qualquer produto que use a marca. É um mundo interessante e épico, com possibilidades infinitas de histórias e roleplay.
Contras:
- Subscription: Jogar de graça é bom, mas muitas recompensas e features do jogo são trancadas. O problema é que SWTOR joga isso na sua cara O TEMPO TODO. Claro, eles querem que você faça a subscription no fim das contas, mas é muito chato toda hora ter que ler algo tipo “Bem, se você fosse subscriber, você teria todas as recompensas dessa quest, MAS como você não é, fique só com isso aqui. Tchauzinho!” Quer dizer, tudo bem eu não receber as recompensas extras quando faço uma quest, mas precisa ter um aviso disso em toda quest que eu faço? Fica meio maçante ser lembrado pelo jogo o tempo todo que eu não estou pagando. Ta, já sei, agora deixa eu jogar!
- Limitações Artificiais: No início do jogo não faz muita diferença, mas conforme você vai progredindo, percebe que muita coisa que é fechada aos não subscribers é absurda. Barra extra de skill é fechada, você é limitado só a uma batalha espacial por semana, não pode usar itens raros… Eu já entendi que eles são uma empresa que tá nessa pra ter lucro, mas como disse no tópico acima, eles forçam muito a barra!
- Jogo Frankenstein: SWTOR não é um jogo original, e não é segredo. Ele agrega várias características que fizeram sucesso em outros jogos em uma coisa só: jogabilidade do WoW com diálogo do Mass Effect e história do KOTOR, com uma pitada de Skyrim (companions). É um pró e um contra, na verdade. É como se eu estivesse jogando um KOTOR expandido, e eu gosto disso apesar de tudo.
- Repetição de Estereótipos: É um problema com a maior parte da franquia Star Wars, na verdade. Não vejo porque fazer uma história 3 mil anos antes dos filmes se os soldados ainda usam armaduras estilo Guerra dos Clones, se o contrabandista ainda vai parecer um Han Solo mascarado de faroeste e as naves e tecnologia ainda são todas parecidas. Tá, a tecnologia você pode explicar dizendo que ela pode muito bem ter estagnado, uma vez que o universo Star Wars tem mais de vinte mil anos (é um fenômeno real), mas os personagens são um problema. Da mesma forma, porque fazer um jogo 300 anos após KOTOR se a Satele Shan é basicamente a Bastila, Darth Malgus é igualzinho a Darth Malak e até trouxeram o Revan de volta?
Alinhamentos: Ligh Side x Dark Side
Ao contrário do sistema Aliança x Horda do WoW, o sistema de alinhamentos de SWTOR é muito mais flexível. Ao escolher um lado, você está muito mais escolhendo sua classe ou planeta de origem do que realmente seu alinhamento pessoal. Esse alinhamento será decidido conforme suas ações dentro do jogo.
Como eu disse anteriormente, você possui dentro da sua história uma série de escolhas. Irei usar minha Bounty Hunter como exemplo: Ela foi contratada por um Hutt para matar seu tesoureiro, que escapou para o outro lado. Ela o encontra, e o homem implora por sua vida. Abrem-se duas escolhas: Simplesmente matá-lo (ganhar dark side points) ou deixá-lo escapar, enganando seu empregador (light side points).
Sendo assim, eu abro várias possibilidades pra como eu quero que minha Bounty Hunter seja como pessoa. Ela possui uma ética própria? Ela coloca dinheiro acima do bem estar de outros? Ela é a favor do império Sith, ou se mantém neutra? Os alinhamentos, aqui, são uma ferramenta poderosa de interpretação, e é o que dá profundidade ao personagem.
O que me leva ao motivo do porque o jogo foi descendo de popularidade após seu lançamento. Eu tenho uma teoria: Fãs de MMO podem achar chato; a jogabilidade é a mesma de sempre, e nem todo mundo curte o roleplay, quer passar direto os diálogos. Tem gente que gosta mesmo de grinding e de quests escritas, acontece. Ao mesmo tempo, muito fã de KOTOR e Mass Effect em geral não gosta de MMO, e não gostou da idéia desde o início. Fica esse vácuo no meio, em que um tenta e não gosta e o outro nem tenta. A transição pro F2P foi o que solucionou isso: “Se é de graça, que mal tem?”
Guild Wars 2 X Star Wars: The Old Republic
É impossível não fazer comparações entre os dois grandes e novos MMORPGs na parada.
Eu jogo Guild Wars 2 desde o beta. É lindo, bem feito, história bem original. O sistema Buy-to-Play é justo e transparente. Mas não jogo há muito tempo.
Qual o problema de Guild Wars? Imersão.
Não foi por falta de tentativa, o que é uma pena. GW2 trouxe uma promessa de renovação: um jogo em que seu personagem é o foco, em que você pode montá-lo não só de aparência como de história, liberto do velho sistema WoW de classes. Mas resumir um personagem a 3 possíveis backgrounds mais te limita do que varia. O jogo tem essa preocupação de fazer tudo em instance, pra que sua intervenção no mundo pareça permanente, mas ao mesmo tempo não te dá uma escolha.
Quando seu personagem tem uma voz, mas não é você ditando o que ele vai falar, isso deixa o personagem mais superficial do que se ele não a tivesse. Você está só vendo um filme, você não “entra” no personagem. O diálogo de GW2 é pouco dinâmico, sempre dois personagens em um fundo colorido, e algumas falas são muito ruins e forçadas.
Outra coisa é o sistema B2P. Ele é, sim, mais justo: Você comprou o jogo, ele é seu e fim de papo. As microtransações são puramente cosméticas e você não sente falta delas. Mas o problema é que isso encarece demais o produto inicial, e não é diferente do primeiro erro da Bioware. Como você vai chamar seu amigo pra jogar, se ele tem que pagar 120 reais de cara? Se nem o super conhecido universo Star Wars conseguiu fazer as pessoas pagarem 30 reais por mês, imagine o universo de Guild Wars!
Por mais que tenha seus problemas, o sistema de pagamento de The Old Republic como está no momento é o mais proveitoso. Você tem uma tabela com três tipos de jogadores: O Subscriber, o Preferred e o Free-to-Play – leia-se, hardcore, meio termo e casual. Um jogador casual não paga, e não se importa tanto com as limitações. No preferred entram aqueles que já foram subscribers ou que fizeram compras na loja – você não joga tanto quanto o hardcore, mas pode dar unlock no que lhe convém. E o subscriber é aquele cara que joga sempre, que aproveita o jogo todo, e não vai ficar encucado pensando que pagou aquele mês mas nem teve chance de jogar muito.
Eu não vou dizer que esse estilo de F2P é o melhor porque a EA Games, como sempre, quer arrancar cada centavo seu e nem disfarça. Mas é um jogo fácil de começar a jogar sem preocupações, chamar os amigos, e isso é um ponto muito positivo.
Eu achei que SWTOR foi uma surpresa agradável, em que um MMORPG finalmente focou mais no RPG que no MMO (ainda que a EA Games precise deixar de ser mesquinha). E vocês, o que estão achando do cenário dos MMORPGs hoje? Comentem!
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