Nesta manha saiu meu post, confere produção? Beleza então!
Vampire
Dark Ages
Seguindo a lógica de meu post desta manha, vamos falar sobre questões do RPG e da Idade Média. A um bocado de tempo já escrevi sobre o assunto no fórum BloodAngels que tem foco para Vampiro a Mascara. Na época foquei unicamente em tratar sobre os problemas de tentar levar a história ciência ao pé da letra, instigado por debates pela internet que tive a cerca de um defeito de Vampiro a Idade Das Trevas chamado Cidadão de Segunda Classe. Nesse post não tratei exatamente sobre a situação da mulher na idade média como eu gostaria, e a deixa do post desta manha me dá esta abertura.
Quando falamos sobre a Idade Média temos de ser bem específicos, afinal é comum nos referirmos a Europa, herança eurocêntrica de nossa colonização cultural, sem falar que estamos falando de um período de mil anos, o que significa profundas mudanças sociais de seu início a seu fim. O recorte que estamos fazendo aqui é o que é usado habitualmente para a construção de cenários de RPG, principalmente os de Fantasia, ou seja, o período entre o século XI e o século XIII, isso tanto para jogos tradicionais como AD&D, D&D e Old Dragon, quanto para Storyteller, GURPS e ademais sistemas.
Então me pergunto, mas e a mulher no RPG medieval?
A situação da mulher na Europa medieval varia de lugar para lugar, de cultura para cultura, mas nos primeiros séculos é comum que ela desempenhe uma importância social reconhecida de igual para igual com o homem, ao menos quando falamos do grosso da população, dos camponeses. Durante o século XII contudo, a igreja começa uma série de transformações no como a sociedade vê a mulher, sendo nesse período que teremos o nascimento do pensamento machista como o conhecemos atualmente, colocando a mulher como um individuo de segunda classe, pecador alem do natural ao homem e incapaz de exercer uma série de funções sociais. Obviamente isso não funcionou em todos os lugares, principalmente onde a igreja não conseguiu impor seu paradigma sobre as crenças pagãs por completo, sem falar no fato de que as mulheres não pararam de semear o campo ou trabalhar nos teares.
Há ainda várias mulheres que despontaram nas artes, ciências ou até mesmo na guerra, tornando-se memoráveis justamente por essa quebra. Nomes como Joana D’Arc são requisito básico para qualquer jogador, homem ou mulher que se diga fã de cavaleiros, paladinos e afins, então nem precisamos citar quem é a Virgem de Orleans se for preciso faço questão de tomar suas armas rapazinho. Já nomes com o da escritora de peças teatrais Rosvita de Gandersheim ou da fundadora de uma academia de medicina Anna Comnena e da escritora Christine de Pizan que é considerada uma das primeiras feministas da história são pouco conhecidos.
Contudo estamos aqui para falar de RPG!
Ao criarmos um cenário de RPG medieval temos de justificar algumas coisas, e a importância que a sociedade dá a mulher é uma delas. Habitualmente a Alta Fantasia tende a ser mais justa, tendo mulheres em pé de igualdade com os homens, com reis e rainhas em diferentes reinos como chefes de estado, mas também temos Alta Fantasia onde a mulher usa armaduras mínimas ridículas, ou onde o realismo é maior e há machismos interpretados. Como jogador de storyteller interpreto o machismo da época pelo realismo do senário, da mesma forma que a xenofobia e os fanatismos religiosos, não por serem coisas boas, mas por enriquecerem o cenário e em minha tendencia a gostar de fazer personagens progressistas, gera uma série de antagonistas interessantes. Mas para alem dos antagonistas interessantes, a definição de qual a base de relação de gêneros esta presente em jogo estabelece o como deve ser a interpretação dos personagens sobre isso.
Hoje temos mulheres jogando RPG em uma proporção de igual para igual com os homens praticamente sinto informar para os rpgistas machistas de plantão que o número delas é crescente e vocês vão ter de chupar essa manga. Nessa realidade, temos de levar em conta que teremos cada vez mais personagens femininos em nossas mesas também e isso representa um belo problema, principalmente nós que somos mestres e homens. Porque uma mulher torna-se um paladino? Em nossa idade média real ela não se torna, simples assim, não há como uma mulher ingressar como cavaleiro de uma ordem sagrada, mesmo Joana D’arc teve problemas com cavaleiros sacros, mas em um cenário diferente ela simplesmente pode querer e ser aceita por sua habilidade com a espada sem maiores reflexões sobre isso, sendo aceita de igual para igual. Em determinados cenários a mulher simplesmente teria como entrar para uma ordem de paladinos, mas por tradição não seria habitual…normalmente encontramos os clássicos como D&D neste ponto, onde uma mulher não é comum como paladino, mas não é tratado como uma aberração aos olhos do clericato. Também vale ressaltar que o grupo como um reflexo de sua sociedade precisa dessa base para estabelecer as bases de relacionamentos interno com personagens femininos.
Como de costume, deixar bem claro como é a cultura do cenário onde esta ambientada a história do jogo é crucial para que tais questões sejam sanadas e o RPG enriquecido pelas interpretações de tod@s. Com isso volto a salientar a importância e as responsabilidades de um mestre ao deixar as coisas bem claras a seus jogadores!
Agora, sobre as mulheres jogando RPG teremos uma série de postagens:
Nossa escrita pela Nathália e a do Thiago sobre o “Boizinho”;
Entrevista do Tio Nitro com a Maira Termero do site Taulluko, O entcast do EntBonsai sobre Mulheres na Mesa de RPG;
Discussão de Relação do MalkavianosRPG;
No RPG Pará, No Livro dos Espelhos, No TerritórioRPG, No PontosdeExperiencia, No DadoViolado;
Entre outros tantos e tantos…
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