…e vocês encontram um grupo de goblins…
Hey aventureiros, como vão vocês? Começando terminando essa semana aqui no blog, então pra não dizer que não me apresentei, eu já to com quase 10 anos de RPG nas costas (uns 8 como mestre) e muitas memórias épicas para dividir, além disso trabalho com redação, design gráfico e de moda por formação e ilustração porque é o que eu amo mesmo. Nada melhor para começar a postar por aqui do que falar do maior terror que causo nas mesas de RPG com o pessoal: A campanha nível 1!
-O tão odiado começo do personagem-
Acho incrível a habilidade que todo mundo tem de fazer fichas com combos que nem mesmo os criadores dos cenários achavam possíveis, como dominam as regras épicas e como sempre sabem todo um background maravilhoso para começarem no mínimo no nível 10, sempre me fascina ouvir os planos de todo mundo, principalmente pra depois chegar e dizer: Então, é nível 1. Players já quase desistiram de jogar por conta disso…
Entendo que começar já super “upado” e cheio de poderes e armas mágicas e coisas incríveis e aquela montaria de dar inveja seja interessante, mas porque não acompanhar o crescimento desse herói? (Ou vilão, como rola na maioria das minhas mesas haha)
-Crescendo e se envolvendo junto-
Há alguns anos montei uma campanha de Tormenta para meu grupo, até então, bem menor do que é hoje em dia, e ouvi diversas reclamações de começarem de aprendiz e crescerem aos poucos. O problema é que, a maioria dos cenários tem coisas muito legais para se explorar e que para um aventureiro épico já não seriam tão interessantes, plots mais simples ajudam não só a dar os primeiros ganchos de aventuras, como ajudam o pessoal a se compreender melhor como players e como personagens, dificilmente um bárbaro épico vai pedir ajuda depois de tomar pau do exército, mas no nível 1, não só ele pode pedir ajuda, como pode aprender a confiar nos amigos que tem.
Com isso, o meu trio de players tiveram a chance de se envolverem em situações mais simples no começo, e por volta do 15 libertaram Valkaria, no 20 derrotaram uma Deusa Menor corrupta e sombria, e após um pequeno hiato, vão derrotar Arsenal finalmente no nível 25 (porque eu refiz a ficha do boss pra condizer com o nível da aventura), e nenhum deles, em momento algum, abre mão dos personagens, e apesar disso ter começado já há uns 3 anos, o pessoal ainda cita aventuras do começo e exibe as fichas upadas para todo mundo (sério, teve player que encadernou a ficha). Sem contar que já existe uma loooonga história entre os personagens e sessões memoráveis.
Um dos maiores pontos fortes de se começar do nível 1 é justamente acompanhar o desenvolvimento do personagem, dos combos ao roleplay, tudo cresce conforme o personagem avança dentro do jogo e não fora dele. A única questão é saber quando começar pelo nível 1 e quando começar por outros níveis, um dos meus critérios é o “quanto tempo estou a fim de mestrar?” se a vibe for de alguns meses (ou anos) e os players já forem amigos fiéis dentro da mesa (e não forem turistas) vale muito a pena acompanhar desde o comecinho.
-Por que nível 1?-
A história do personagem faz parte de quem ele é, é fácil colocar no BG que você fez parte de um exército e lutou contra um NPC em uma vila distante no nível 1 já que vai começar de níveis mais avançados, mas construir a história dele desde o princípio e realmente poder contar em detalhes como o personagem invadiu X dungeon, como salvou o “tal” NPC, como conquistou os equips que tem, tornam a ligação do personagem com o player muito maiores, e é nesse ponto que eu queria chegar: A relação psicológica do personagem e do player.
Já vi gente não ter medo de perder o personagem de 10° nível só porque montou a ficha 2 horas antes do momento fatídico, mas para quem começa com persona meio noob mesmo, acaba se apegando mais. Tive alguns bons exemplos dentro de jogo, como mestre e como player, e vendo amigos também, gente que estava à beira da morte e fez o que podia porque construiu pouco a pouco aquele personagem que acaba tomando um espaço especial no coração do player. Tá, calma, tá sentimental demais isso aqui. O que eu quero dizer é: tem muito marmanjo que não vai abrir mão do bárbaro matador porque as cicatrizes dele foram troféus de batalhas ingame, e não simplesmente numa descrição de guerra do BG.
Falando de psicologia no jogo, o apego ao personagem traz o medo de perdê-lo, um dos maiores aliados dos mestres. Quando você coloca um player em perigo, se ele olhar pros míseros pvs resultados da rolagem do 1dv inicial, ele vai pensar duas vezes, vai ficar mais sensato, e você tem mais chances de conseguir seguir a campanha sem ele decidir pular pra cima do boss que era pra ser confrontado só alguns muitos níveis a frente.
-Ah, então você é contra campanha de níveis mais altos?-
Não, não e não, acho que assim como tudo dentro do RPG as campanhas níveis 1 tem hora e lugar para aparecerem. Assim como as de níveis épicos também, é uma questão de mestre e de player, porque afinal, não da pra forçar todo mundo a ser nível 1 só porque você quer. O que eu sugiro é argumentar com paciência, e ouvir também os motivos pelos quais eles querem níveis mais altos, se for algo além de poderpoderpoder ou do “mas eu só tenho 3 PV’s, assim não dá!”, faça, se não, deixe eles começarem do 1 e aproveitarem ainda mais estes poderes ganhos quando chegar a hora.
Até semana que vem aventureiros
Bye bye
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