Brincadeiras a parte, você gostando ou não, não pode negar a importância do famoso cenário de campanha Tormenta para o RPG no brasil.
Eis que recentemente em um súbito ataque de oportunidade, a paixão por este cenário voltou com tudo, e estou amando as novidades do TormentaRPG.
Calma, peraí, não começarei com todos os poderes, mas evoluirei aos poucos, conforme avanço de nível. Um trabalho primoroso de criação de um talentoso RPGista, confira:
O mestre adorou o background, então incentivado por ele, está aí a lenda da origem dos “Biscoitos da Sorte Abençoados de Tamu-ra“.
- Papai, você trouxe, você trouxe?
-Sim, meu pequeno guerreiro… Assim como você sempre deseja, eu trouxe…
-Obaaa! Obaaa! Papai, esta é a melhor parte do meu dia, quando o senhor volta de suas obrigações…
- Fico feliz em ouvir isso… E mais feliz ainda pelo fato de você gostar tanto especialmente disto. Diga-me, já lhe contei a lenda sobre a origem dos famosos “Biscoitos da Sorte Abençoados de Tamu-ra”?
O clima estava ameno ali. Sempre era naquela época do ano. E as pétalas rosadas das flores brilhantes dançavam ao vento. Elas sempre dançam nesta época do ano.
Sora, o Plano Divino do Imperador Dragão Lin-Wu era o espelho perfeito de sua divindade: Beleza, Perfeição e Equilíbrio.
Mas aquele não era um dia comum, ao menos para um de seus habitantes. Seu nome fora perdido no tempo por aqueles que poderiam lembrar, e às vezes até mesmo entre alguns dos habitantes da Fortaleza Takayama, um colossal palácio onde seu topo investia contra as nuvens e singrava o céu.
Ele vivia, assim como os outros habitantes, simplesmente para servir ao Imperador Dragão e não era uma criatura comum, mas sim um imponente e poderoso Dragão do Vácuo, a semelhança de seu próprio mestre.
No entanto, seu status não era tão alto quanto poderia ser, e na verdade isto não importava muito, tanto para ele quanto para qualquer outro, pois servir ao Senhor era a única coisa que era importante. E no fim, mesmo nas mais baixas castas, mesmo a espera durando milhares de anos, chegaria o dia que um dos servos poderia realizar a cerimônia do chá frente ao próprio Lin-Wu. Apesar das noções de tempo e espaço serem totalmente diferentes do plano material, de tempos em tempos Lin-Wu separava um leal servo e passaria uma tarde agradável em sua companhia, e o serviria em respeito e reconhecimento a seu valor.
E aquele era o dia dele, e ele se aprontou o melhor que pôde, e quando foi convocado à presença do Imperador, pôs-se a contemplá-lo com todo o seu poder, beleza, honra e perfeição.
Mas uma coisa especial estava reservada para aquele dia. Nada escapa aos aguçados sentidos de uma divindade, e exatamente naquele momento, em paralelo à cerimônia do chá com seu servo, Lin-Wu percebeu que algo importante demais estava acontecendo.
Longe dali, em Arton uma comitiva chegava a seu destino, após muitos e muitos quilômetros de viagem.
Alec Danaghar, Embaixador Real d’O Reinado chegava com a primeira comitiva (mais parecendo uma missão) à ilha de Tamu-ra. Era o primeiro contato com aqueles estranhos humanos que viviam na outra parte do continente.
Lin-Wu sabia e compreendia a importância daquele momento, e subitamente então, todos os seus servos celestiais também sabiam, porque ele quis assim. Foi ali que seu servo, a sua frente, soube que possivelmente sempre estaria na memória de seu Senhor, por motivo de estar presente em um momento tão importante.
Mas inesperadamente uma coisa aconteceu. Alec Danaghar se apaixonou. Apaixonou-se por Tamu-ra, sua cultura, seus costumes, seu povo, seu deus. Passou ali três semanas inteiras tecendo seus relatórios para seu rei, e neles, descreveu-os com tanta admiração e paixão que tocou até mesmo o próprio Imperador Dragão Lin-Wu.
Rapidamente era à tarde anterior ao dia da partida de Alec, mas em Sora, servo e senhor ainda contemplavam tal amor e admiração. E tristeza.
Alec não queria ir embora, e havia também contagiado seus conterrâneos. O Imperador de Jade de Tamu-ra também percebeu a aflição no rosto daquele gaijin que aprendeu a respeitar. E então, do fundo de seu coração, agradeceu a Lin-Wu por existir Honra, Amor e Devoção nas terras além mar.
O servo celestial olhou para seu Imperador Dragão. E então contemplou Arton novamente naquela que era a última noite em conjunto de pessoas que aprenderam a se respeitar e a se honrar. Tomou uma decisão.
O leal Dragão do Vácuo pediu a seu Senhor Dragão que de alguma maneira o permitisse servir a ele proporcionando ao jovem Alec a percepção verdadeira de que mesmo fora de Tamu-ra aquele povo, todo o seu modo de vida e o próprio Lin-Wu ainda estariam com ele.
Tal pedido agradou Lin-Wu. Agradou de tal forma que mesmo sabendo que não possuía poder fora de Tamu-ra, foi até o reino de Wynna, a deusa da magia e com ela forjou um trato, onde através de seu poder, permitiria de alguma forma manter sua proteção a Alec.
Wynna por sua vez, analisou a situação e se compadeceu, e viu ali uma boa oportunidade de criar algo inteiramente novo através da Magia, e mesmo sabendo que não poderia ir contra este impulso criativo que a tomava por completo e a definia (o que por conseqüência denotava que Lin-Wu a estava manipulando em favor próprio) testou o servo do Imperador Dragão.
Disse a ele que poderia sim proporcionar tal acontecimento, se ele estivesse disposto a abdicar de tudo, em favor de servir ao seu Senhor, pois ela deveria usar no processo toda a centelha celestial de vida que residia nele.
Prontamente, o servo ajoelhou-se, e com rosto em terra, entregou-se ao seu destino, fosse ele qual fosse.
Ele mesmo não viu, mas a sempre alegre e exuberante Wynna olhou para Lin-Wu com uma solitária e teimosa lágrima em seu rosto inesquecível, emocionada frente a tanta fé e dedicação, sabendo que dificilmente receberia tal lealdade da maioria de seus adoradores (ela mesma uma caótica divindade).
Ajoelhado ali, ele ouviu a sentença definitiva de seu futuro:
- Por tua Honra e Lealdade, servirás ao teu propósito entre os mortais, e serás tu mesmo um mortal. Mas pelo amor que demonstrou, terás em ti a capacidade de retornar ao teu status atual, liberando em ti a herança maior do poderoso Lin-Wu, assim como meu supremo dom, a prodigiosa Magia.
- Serás daqui por diante e para sempre guardião da família Danaghar, sua descendência e posteridade. Encerrarás em ti eternamente as bênçãos de Lin-Wu e o reconhecimento de Wynna.
De repente tudo escureceu, e de alguma forma o servo fiel sabia que não possuía mais seu serpenteante corpo, patas ou até mesmo suas presas. Era em si mesmo só consciência, mas em si carregava as sementes de duas divindades.
Contemplou-se caindo eternamente por nuvens douradas de um avançado entardecer tamuriano, viu os fogos das festividades, e as luzes das casas, e contemplou um grande palácio, e então atravessou telhados e paredes, e móveis e pessoas, e caiu… Em uma mesa de cozinha, cheia de massas de bolos e biscoitos.
Naquela noite, o imperador tamuriano fez um respeitável discurso, ausente de emoção como um bom tamuriano, mas assim mesmo inflado de admiração. Todos sentiram o clima de amizade verdadeira enquanto ele declarava abertas as portas para novas comitivas, e declarava também missões diplomáticas e acordos futuros a serem feitos com Deheon.
Como sinal de uma derradeira honra, ordenou que trouxessem os alimentos, e que Alec Danaghar fosse o primeiro a ser servido, o que por si só já seria uma quebra incomum do protocolo tamuriano.
Alec sabia que não conseguiria se alimentar, mas decidiu que seria ruim se não o fizesse. Hesitantemente declarou a todos que gostaria de nunca partir, mas havia sua família para rever e seus deveres para cumprir, mas gostaria que pudesse levar consigo um pedaço de Tamu-ra.
Olhou para a mesa e o formato encravado na superfície de um biscoito chamou sua atenção. Nele, estava incrustada uma forma de dragão prateada semelhante ao seu recém descoberto Lin-Wu, e nenhum outro biscoito possuía aquele entalhe.
Ao pegá-lo, quebrou um pedaço e descobriu que aquele entalhe na verdade era um medalhão com as seguintes palavras entalhadas no seu verso: “Todas as Proteções ao que é Honrado”
Ninguém havia colocado aquele medalhão ali. Pois tentaram em vão por horas descobrir sua origem. O caso se tornou famoso, pois o imperador deu aquele medalhão de prata de presente para o gaijin, e declarou que agora, inegavelmente uma parte de Tamu-ra iria acompanhá-lo.
No dia seguinte, um sacerdote abençoou a partida da missão diplomática e contou a Alec que sonhou que aquele amuleto possuía a força de Lin-Wu, e que quando precisasse de proteção, orasse com fervor olhando em direção a ele que assim seria respondido.
Com o passar do tempo, os biscoitos se tornaram uma tradição, e as palavras entalhadas se tornaram pequenos bilhetes colocados em seu interior.
Mas em qualquer lugar que alguém comesse um “Biscoito da Sorte Abençoado”, saberia que Lin-Wu está sempre disposto a reconhecer a honra de qualquer um que a possua.
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Alec Danaghar se tornou o primeiro devoto de Lin-Wu fora de Tamu-ra, e com o passar do tempo seu fervor se espalhou por sua família. Os acordos com Tamu-ra foram estabelecidos e fortalecidos, e depois de anos, uma pequena comunidade se estabeleceu dentro do Reinado, mais especificamente em Valkaria.
O próprio Alec nunca voltou a Tamu-ra, mas aquele item de inestimável valor sentimental e religioso sempre ocupou posição de destaque em sua família, e admiração de seus vizinhos, amigos e familiares. Ao passar dos anos, Lin-Wu começou a ser venerado também em Deheon (mesmo que pouco influente) e a família Danaghar se tornou próspera e poderosa dentro da aristocracia do reinado.
Todos os Danaghar sabiam que o medalhão “sagrado” de seu antepassado não era um item mundano e comum, mas ninguém sabia realmente o que ele fazia. Até recentemente.
Alethus Danaghar é o atual patriarca, e segue fielmente o código de conduta da família, que é por conseqüência os preceitos de Lin-Wu. Suas relações com Nitamu-ra são estreitas e fortes, e ele é um dos poucos que gozavam de relativa abertura nos momentos antes da libertação de Tamu-ra da área de Tormenta que lá havia, e agora ele possui ainda mais contatos.
O problema é que há três anos sua filha Eliana foi prometida a um duque de um reino vizinho, e viajou para se encontrar com seu futuro senhor e marido, para passar uma temporada com seus futuros familiares. No meio da viagem, desapareceu sem deixar rastros, deixando como pista apenas uma palavra escrita com sangue na empoeirada estrada de terra batida por um de seus muitos guardas moribundos: Enclave Herege.
Depois de dois anos lutando para descobrir o paradeiro de sua filha, com dor e sofrimento, gastando somas incontáveis de dinheiro com mercenários, investigadores e aventureiros, Alethus desistiu de acreditar que Eliana pudesse estar viva. Mas mesmo assim, queria vingança.
Uma noite, seu ex-futuro genro veio visitá-lo, como costumava fazer, para compartilhar de suas lamentações e saber as últimas notícias sobre sua amada desaparecida.
Em uma conversa bem tardia frente à lareira em uma noite friorenta, ele contemplou o altar bem alto incrustado na parede onde residia o antigo amuleto sagrado da família Danaghar.
Após uma breve explicação sobre sua origem, Alethus ia se retirando com lágrimas nos olhos quando subitamente ouviu as seguintes palavras saírem da boca de seu convidado:
- Não sei se você pode me ouvir… À bem da verdade, não o conheço muito bem. Mas se você está me ouvindo, ó Nobre Dragão de Tamu-ra, traga minha amada Eliana de volta, ou despeje desolação e destruição sobre seus algozes em nome de sua HONRA e em JUSTIÇA.
Um estrondo enorme se seguiu, e luzes brilhantes misturadas as mais densas trevas saltaram violentamente do medalhão, acompanhadas do mais alto e aterrorizante rugido que qualquer um naquela mansão jamais havia presenciado em seu mais perturbador pesadelo, mas ao invés de pavor e desespero, aqueles que ali residiam sentiram fulgir esperança e poder dentro de si.
Alethus pensou que talvez aquela figura serpenteante que trespassava aquele pequeno item e se tornava um dragão alongado e poderoso pudesse ser o próprio Lin-Wu, mas assim que terminou de sair seja lá de onde estivesse saindo, sua voz trovejante se identificou como “O” protetor dos Danaghar, servo fiel do Imperador Dragão Lin-Wu, e responsável eternamente por descobrir o paradeiro de Eliana Danaghar.
Contou a eles que há séculos estava encerrado dentro do medalhão, e repousava adormecido enquanto sua existência ali irradiava Sorte (Wynna) e Proteção (Lin-Wu) para os Danaghar enquanto fossem fiéis aos preceitos de Lin-Wu.
Estava adormecido até o momento do sequestro, dois anos antes, quando despertou e não pôde cumprir seu dever, pois era necessário assim como foi dito a Alec Danaghar que “quando algum Danaghar estivesse em necessidade de proteção ou auxílio, alguém orasse com fervor olhando em direção ao amuleto que assim seria respondido…”
Agora ele estava livre, e iria seguir seu destino: Cumprir seu dever.
Recusou terminantemente o auxílio de Alethus e do jovem prometido de Eliana, e mesmo enfraquecido partiu em busca de informações sobre o Enclave Herege.
Passou o último ano em sua busca, e no início estava apenas em sua forma dracônica, mas muito enfraquecido e diminuto. Foi perseguido, tratado com espanto e admiração, e alguns magos estudiosos até o consideraram um raro espécime a ser estudado.
Evoluiu, adquiriu poder, se tornou influente e aprendeu que o mundo mudou nestes séculos. Descobriu coisas sobre sua raça, que era agora um Krestlar, uma raça dracônica que nascia muito mais fraca que os dragões normais, mas poderia evoluir muito mais rápido que seus iguais. Por isso, agradeceu a Wynna, de coração. Com o passar do tempo, começou a fazer muito isso. Tanto que passou um bom tempo tentando reunir informações em templos da deusa pelo Reinado, tendo contato com seus clérigos.
Lin-Wu é seu Eterno Senhor, mas ele não poderia servi-lo fielmente da forma que queria se não fosse Wynna. Ela acabou proporcionando que a fé de Lin-Wu se espalhasse de Tamu-ra até Deheon e por todo Arton.
Possivelmente por causa disto que o Imperador Takametsu pôde transferir uma parte da corte real e alguns sobreviventes de Tamu-ra para o que depois veio a ser Nitamu-ra quando a Tormenta atacou.
E ele foi à ferramenta para que a fé se espalhasse.
Entendeu que servi-la não iria interferir sua adoração pelo seu Daymio Celestial, e se tornou também devoto dela. Depois de um tempo e algumas aventuras, adquiriu poder para se metamorfosear em uma criatura menos chamativa, e descobriu que a sua forma alternativa era um Qareen, um descendente de gênios nativos do plano de Wynna.
Mesmo ali, depois de tanto tempo ela ainda o ajudava a cumprir seu dever. A raça de sua forma alternativa era um sinal de Wynna, que agora também era parte de sua essência. Ele por si só exalava magia. E também exalava honra.
Adotou o nome de Hideoki Shirou, que em tamuriano arcaico quer dizer “Brilho Esplêndido da Pureza”, uma alusão a Lin-Wu e seu aspecto dracônico do Vácuo, simbolizando a união entre o positivo e o negativo, o Equilíbrio Eterno.
Assim, desbrava seu destino em busca de cumprir seu dever, honrando a seu Senhor decretando o equilíbrio em Arton e honrando também à deusa da Magia, expressando a ela aquela devoção e lealdade de um modo que ela nunca esperaria de um fiel, mas mesmo assim que tem um sabor tão agradável.
E é claro, trazendo a fúria ancestral de duas divindades sobre uma suposta organização secreta que ousou atravessar seu caminho.
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