Antes de qualquer coisa, este post é direcionado aos iniciantes ou a aqueles que possuem dúvidas entre o Storyteller e o Storytelling. Pra começar, os nomes são muito parecidos né? Em via de regras muitas coisas são parecidas também, mecanicamente falando, mas vamos encontrar muitas diferenças que fazem esses sistemas diferentes um do outro.
Um conselho: se você já conhecer um pouco de um desses sistemas esse post fará bastante sentido, pois se eu for abordar todos os pontos isso deixará de ser um post e se tornará um livro, então esteja preparado e qualquer coisa é só mandar a pergunta!
Bom, ambos os sistemas (pertencentes a White Wolf) estão bastante focados na narrativa do jogo, no ato de representar os papéis a risca. Mas como assim? Todo RPG não é de interpretação? Eu te respondo caro leitor, em teoria sim, mas esses sistemas da White Wolf levam isso a risca, ou seja, todos os pontos de experiências são baseados em interpretação do personagem e ainda sistemas de recuperação de Força de Vontade, que é um atributo importantíssimo nesses sistemas, é baseado inteiramente na sua capacidade de interpretar. Então não adianta o teu personagem ser introvertido, ter amnésia e nenhum outro tipo desses combos malucos que jogadores preguiçosos gostam de fazer para não ter o trabalho de vivenciar um personagem, no universo do Storytelling/Storyteller isso não irá funcionar.
A mecânica básica de ambos os sistemas é: você tem pontos distribuídos na ficha que representam as características do teu personagem. Uma jogada de teste, na maioria dos casos, utiliza a soma de duas características (esta soma se chama parada de dados) roladas contra uma dificuldade, se você obtiver um sucesso você conseguiu realizar a sua ação. Quanto mais sucessos mais bem sucedido você será nesta realização. Neste ponto, os sistemas já começam a se diferenciar, enquanto no Storyteller a dificuldade é variável no Storytelling a dificuldade é fixa. Mas e ai, você se pergunta, o que muda? Muda muita coisa, a primeira dela é que a dificuldade da ação irá refletir na dificuldade da jogada, ou seja, se você for realizar uma tarefa fácil sua dificuldade pode ser 5, mas caso seja muito difícil ela pode ser 9. Já no Storytelling a dificuldade da ação desejada reflete na parada de dados, ou seja, com a dificuldade da jogada fixada em 8 o que muda é a quantidade de dados que você irá jogar, se for muito difícil penalidades serão aplicadas (-1 dado, -2 dados, etc) e quando for fácil o contrário (+1,+2, etc.).
Parece besteira, mas não é. Imagine você tendo que rolar 10, 12 dados em uma única jogada, isso na maioria das vezes deixa o jogo lento, principalmente quando o assunto é combate, ai você passa boa parte da sessão do jogo rolando dados. Com essa mudança, as paradas de dados ficaram muito mais rápidas, deixando o foco na interpretação que a White Wolf tanto preza. Ah, então agora eu jogo menos dados, mas como a dificuldade é fixada em “8” as coisas não são mais difíceis? Que pergunta legal caro leitor, e a resposta é sim, o jogo acaba ficando um pouco mais difícil, mas pergunte a você mesmo, a vida é fácil? Não, a vida não é fácil, a não ser que você seja um cara muito rico (se você for rico, estou precisando de dinheiro tá? aceito doações em nome do RPG). Brincadeiras a parte, continuando, o jogo fica um pouco mais difícil, mas isso acaba por tornar o jogo mais interessante e muito mais dinâmico. Outra mudança de regras que achei bastante interessante é que no Storytelling, desvantagens servem apenas como tempero para a interpretação do seu personagem, diferentemente do Storyteller onde as desvantagens lhe conferiam pontos extras nas fichas, agora você apenas escolhe a desvantagem se ela trouxer algum ganho em termos de densidade do personagem. Então, deixo aqui uma mensagem para àqueles jogadores que gostavam de se encher de desvantagens para “bombar” o personagem, acabou o macete pros caçadores de pontos.
Mas e o cenário, mudou alguma coisa? Caraca, vocês leitores são realmente muito bons e inteligentes, sempre com perguntas interessantes na hora exata. Bom, caro leitor, o cenário mudou bastante, pois esse é o Novo Mundo das Trevas, o ocultismo está muito mais presente, o clima é absurdamente mais sombrio e a história de todas as criaturas “sobrenaturais” mudou, mas não entrarei em detalhes sobre cada uma delas (lobisomens, vampiros, fadas, magos, etc.) falarei aqui da criatura que realmente importa: o homem comum.
Ao contrário do que era feito anteriormente, agora o livro básico de regras mostra a regra dos mortais, ou seja, podemos ambientar uma história onde os personagens principais são os humanos, pois toda essa primeira ambientação é feita sobre a ótica do humano que um dia percebeu que o mundo real está encoberto por sombras profundas. O que acaba por acontecer é que, na maioria das vezes, você começa sua aventura com um grupo de humanos e a história vai se convergindo para que eles se tornem vampiros, lobisomens ou quem sabe ter ambos nos grupos. O que eu quero dizer com isso é que a integração do mundo está mais redonda, mais alinhada e antes você tinha que se desdobrar para montar aventuras de terror com humanos como protagonistas, até porque, um jogo de terror onde o protagonista é um lobisomem ou um vampiro é muito menos assustador do que ser um simples mortal.
Bom, existem mais diferenças e imagino que alguns podem ter dúvidas e/ou curiosidade sobre esses cenários, então não deixem de comentar e sugerir o que vocês gostariam de ler sobre o assunto, que irei voltar aqui o mais rápido possível para continuar esse assunto com vocês.
Grande abraço!